Noite

É noite, uma chuva fina desafia a ousadia das estrelas e como uma cortina, nuvens cobrem o céu como que querendo afastar os namorados das ruas, das praças, do imprensar de uma árvore ou mesmo de um muro.
É noite, seres procuram seus parceiros para acalmarem seus supostos medos na expectativa do amanhecer.
Na rua, a luz fria de um poste serve de referência a mariposas que rejeitadas encontram-se como se estivesse a buscar acalento em quem entende a dor.
Ao longe uma voz em castelhano atravessa o ar derramando o som de “Manoela” em cada fresta das casas que encontra. Passos sem corpos são ouvidos. Hoje, especialmente hoje, a matéria esta mais veloz que o som. Estou longe de tudo e ao mesmo tempo perto de algo. Não há tristeza nem felicidade, existe apenas um vazio sábio pronto a ser preenchido pelas coisas sutis criadas pela natureza tentando ocupar os espaços com a ausência das inconveniências, e abrir o coração para aliviar o peso de rancores indevidamente guardados.
É noite, e antes que amanheça quero olhar o céu e nada ver, pois mesmo sem enxergar a minha volta, tenho certeza que tudo esta ali, cada coisa em seu lugar, e amanhã, quando o sol brilhar, mais garantia terei de que tudo que queremos esta próximo a nós, mas o medo de caminhar no escuro, nos limita somente as coisa que vemos.



AJ Bueno
Enviado por AJ Bueno em 04/10/2011
Reeditado em 09/10/2011
Código do texto: T3258213
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.