Está consumado

Não quero tuas lágrimas e teus infortúnios.

Meus pensamentos sobre eles são desprezo.

Tenho tuas lamúrias como punição

ao bem que te quis por toda uma vida.

Eu sei que tens uma melancolia e desgraça,

mas desgraçadamente os quisera, quando fugira à luz.

Me doei como a um cego apaixonado,

recusastes o bem e com o mal me fizera viver.

Tuas lamentações são frases soltas e as memórias

são dores que não quero partilhar. Injúrias antigas.

Entendo que fizera o mal, por não conhecer o bem...

Mas eu te dei o melhor de mim, e nada aproveitastes.

Hoje te vejo sombria, sôfrega alusão à vida.

Eu bem que te ouvi chegar e pude contemplar a face mórbida da tua tristeza.

Eu sei quando me queres como divã. Mas recusas minhas bondades.

Negas o todo que te quero e do bem que nunca me destes, deste-me culpas.

Tola. Se a vida te prometeu um arco-íris, e as cores não vingaram,

estupidamente derramastes a aquarela.

Não há no mundo quem não tenha prantos...

Encantos e desencantos são acalantos. E nem tanto.

Já não rimo mais a tua juventude

com a beleza viva do teu rosto.

Nada provem de ti,

que não me traga dor e ranger de dentes.

Eu te quis, sim, e ainda pretendo te rever.

Mas juro, pelo Deus que tenho como criador,

que nunca mais serei o mesmo.

Apenas um espectador de tamanha derrocada.

Eis que o mundo te abre portas,

eis que a vida te sorrir a cada instante.

Mas negas a isso em verdades vãs...

E eu aqui, as repetindo como um sino.

Definitivamente me deténs em apuros,

não sei o que sentes ao me açoitar tão violentamente.

Se um dia fui amor puro,

hoje não mais me reconheço em meus dizeres.

Se te amei, por conseguinte,

te quis por prazeres mundanos.

Se te doei a vida quase que insanamente,

arrependo-me de tudo e não mais te chamo.

Dores de amores. Minhas dores.

VALBER DINIZ
Enviado por VALBER DINIZ em 03/10/2011
Reeditado em 04/10/2011
Código do texto: T3254998
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