Abandono

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Aban(dono)

permiti-me o silêncio

doei-me ao ócio

entreguei-me

apenas...fiquei.

enquanto o mundo girava rápido

observei reflexos de lagos

segui atentamente voos de borboletas

abandonei o pincel ao som

que o direcionava

vi a tela nascer

escorrer sem pressa

notei as gotículas e esperei

esperei apenas nada mais

permiti que o vento

me molda-se

contorci-me como tronco antigo

hoje vejo-me seca

bailarina sem sapatilha

acreditei em purpurinas mudas

e arranquei uma a uma

todas as minhas mudas

eu fui par da morte

dancei com ela

sorrimos juntas...

escolhi o deserto

pensei que os oásis de meus olhos me salvariam

minha arte arde!

dói uma dor profunda e lancinante

ponho meu nome ao fim da obra

suspiro

se nasço ou morro

tanto faz...

apenas sinto

demais!

Márcia Poesia de Sá

A tela da vida não necessariamente precisa

ter como base o preto e branco do carvão.

Márcia Poesia de Sá