ALVORADA
 
Amanhece!
Restam da noite farrapos de ilusões,
de cheiros, de angustiados desejos,
de prazeres desfrutados,
de aprisionadas quimeras,
de dramas e primaveras.
 
Uma névoa espectral
cobre o cenário irreal,
qual mortalha incorpórea,
talvez querendo com isso,
apagar essas lembranças
ou renovar esperanças.
 
O céu, plúmbeo, ressalta
a soturna impressão,
e de  roxos tons se mostra,
confirmando, mais ainda,
que o sonho ontem vivido,
jaz por terra, descaido!
 
Mas, como sempre acontece,
o sol o horizonte clareia
cobre-o de róseos matizes,
de alaranjados clamores,
lânguidos e tímidos azuis
alarmados amarelos,
vermelhos vivos de sangue,
roxos quase desmaiados
e dardejando, imponente,
ilumina tudo , inclemente.
 
E no novo dia que raia,
em fulgurante esplendor,
um passarinho ensaia
o primeiro canto  de amor.
 
 
 
 
 
 
 
paulo rego
Enviado por paulo rego em 15/09/2011
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