Ode aos 14 de junho

A chama sobe, o vapor fica.

Nuvem branca que o céu desmancha;

corcel em auras, - o vento edifica.

Arena mórbida, - a voz agreste acampa.

Ainda a pouco pusou a borboleta,

as crespas asas, ao silvo matutino;

botões em taça, fogosa violeta,

deste pego estio, chão ribeirinho.

Canto o pássaro na ingazeira,

o terno frescor do espaço;

galopam lírios da laranjeira,

nas águas do derrame mormaço!

Os cachos, são cerros da saudade

As pombas, as vagas entrelaçadas;

a margem,- o grito de piedade,

Ó ninhos de sombra agazalhadas!

Vírgem face, da proa serrana,

ó campos santos da aurora do porvir!

Cantai, benzei, aflorai a savana

que, se a glória fluir, estais por vir!

A chama sobe, o vapor fica.

Nuvem branca, que o céu desmancha,

Corcel em auras, o vento edifica

Arena mórbida, - a voz agreste acampa!...

Pombal, 16 de junho de 2010

Jairo Araújo Alves
Enviado por Jairo Araújo Alves em 10/09/2011
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