SAUDADE DOS RINCÕES

Ah! Que saudade dos rincões da minha terra

Lá onde a aurora faz o encanto das manhãs,

E a passarada numa grande sinfonia

Desperta a amada pra outro dia de afã.

O cheiro forte que exala das campinas

Tal qual o cheiro de um ato de amor,

Onde o sol desnuda o céu, rompe a neblina,

Revela a tez da natureza multicor.

A exuberância dos campos tão verdejantes

Contrastam com o amarelo dos ipês,

Os laranjais carregadinhos prenunciam

Que aproxima o tempo de se colher.

Ao longe ouço o som da grande cachoeira

Que forma um véu de águas puras, cristalinas;

As aves voam livres por entre as palmeiras

E o gado gordo pasta por entre colinas.

O tosco arado rasga a pele de um torrão

Sob o lamento triste do carro de boi,

O candeeiro açoita a junta com o ferrão

Ah! Que saudade de um tempo que se foi.

Eu me recordo do nosso velho moinho,

Do fubá grosso que mamãe fazia broa,

Lembro a garapa, a cachaça e a viola,

As serenatas, a palhoça e a garoa.

E quando vem a tarde com seu arrebol

Em um poslúdio os sapos coaxam no grotão,

Os pirilampos se revestem das estrelas

E a lua cheia lá no alto faz clarão.

Ah! Que saudade dos rincões da minha terra

Da apoteose do esplendor do meu sertão.

Ah! Que saudade da cabocla que eu amei,

Linda morena que roubou meu coração.

Edmilson Esteves
Enviado por Edmilson Esteves em 01/09/2011
Código do texto: T3194727
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