Lembranças do Mucuripe
Pirilampos,
Margaridas,
Doces e pavês...
Uma rede na sala de uma casa escura; uma lembrança de menino.
Tapioca, paçoca, castanha e goiabas no quintal.
Saudades ardentes que consomem a alma de qualquer um.
Vagos lampejos de um todo que se perde na lembrança quadriforme...
Corre, sem destino, um corpo magricela sobre um piso azulejado de verde-claro.
As figuras se amalgamam em formato de barrigas de melancia, ou de jacarés, ou de heróis...
O tempo passa fora de nós.
Sempre despertamos com saudades das horas...
A praia bate bem perto d’aqui; bate indolente na terra de meus pais;
Parece que não me conhece;
Que não se lembra das manhãs, das tardes, das noites, das quermesses.
O Mucuripe descansa no mesmo lugar,
Deixa para trás sonhos, desejos, um pedaço perdido, alguém que foi embora...
ROOSEVELT LEITE, Tobias Barreto, 15 de junho de 2008.