Furta-cor
A poesia surgiu toda
e depois partiu.
Vi a sua face,
seu encanto.
Diante do papel em branco,
no entanto,
nega-se à minha pena,
mostra-se pouco atenta,
em ares se desfaz.
Agora te sei, poesia minha.
Que queres que eu diga?
Que liberte este grito,
que desnude a alma?
Que há para dizer?
Homens, mulheres, crianças,
e dores, sonhos, amores,
ternura que urge ecoar.
Não lhe persigo.
Não devo.
Apenas sinto o perfume
que em mim para sempre jaz.
A poesia em mim surgiu toda
e depois partiu.
Agoniza então a certeza
de que jamais parte
aquilo que se sentiu.
19.09.99 DOM 15:07.
03.09.04 SEX 13:34