IDADE DA SAUDADE

Estou enclausurada

dentro da minha mesmice;

subo escada, desço escada,

faço versos na calçada

tomada por vã tolice...

e minha boca,

que louca!

sempre esquece

o que eu disse.

Sou semente do dolente,

Adubo da emoção,

que brota flores de dores

dentro da minha paixão,

deixando a alma lavada

no suplicio condenada

dentro da recordação.

Nessa roça bem plantada,

Sou troça que vai brotar;

flores e fruto maduro,

com a fome do futuro,

com saudades pra adubar.

Em meus seios passaram línguas,

em minhas ancas sedução,

treparam virís pernas,

subiram e cantaram eras

pra embalar meu coração.

Agora já não se aninha...

hoje só tem erva daninha

roendo e massacrando

com palavras crusciando

a beleza que foi minha.

Rose Arouck
Enviado por Rose Arouck em 12/12/2006
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