IDADE DA SAUDADE
Estou enclausurada
dentro da minha mesmice;
subo escada, desço escada,
faço versos na calçada
tomada por vã tolice...
e minha boca,
que louca!
sempre esquece
o que eu disse.
Sou semente do dolente,
Adubo da emoção,
que brota flores de dores
dentro da minha paixão,
deixando a alma lavada
no suplicio condenada
dentro da recordação.
Nessa roça bem plantada,
Sou troça que vai brotar;
flores e fruto maduro,
com a fome do futuro,
com saudades pra adubar.
Em meus seios passaram línguas,
em minhas ancas sedução,
treparam virís pernas,
subiram e cantaram eras
pra embalar meu coração.
Agora já não se aninha...
hoje só tem erva daninha
roendo e massacrando
com palavras crusciando
a beleza que foi minha.