Longe dos palcos
Perdeu-se um pedaço,
desfez-se o laço que me atava,
fazia-me mais livre,
sei que amava, hoje triste!
Não às falas, aos figurinos,
a todo um amor construído,
muito mais suor, memória,
sem camarim, sem luz, sem ato.
Ponto, pronto coração,
não faz mais sorrir ou chorar,
sem aplausos e ressoa a boa música
da recordação.
Quem sou? o que sou?
se me acostumei tanto a ser diferente,
revejo os olhos tranquilos meus,
as mãos sentidas, fracas,
isso não me era inerente...
Dói. admitir é difícil,
mas morreu um pedaço de mim,
está vagueante na lembrança,
num quarto de cristal e de cetim.
Mas o coração ainda não sabe,
a dor que lhe dilacera é anônima...
uma grande parte deixou de ser eu,
e se furtou da beleza da arte!