DOR
Silenciando o excesso de burburinho
Que insistentemente falam sem limite
Provocando uma confusa dificuldade
de refletir com serenidade as necessidades
mais urgentes, respiro profundamente
Mas, nesse momento, descubro a exaustão
do corpo e da alma que grita por descanso
ou quem sabe, uma fuga estratégica, onde
não seja necessário sequer, falar ou ouvir
apenas ficar ausente de mim mesma
Percebo exausta de não ser apenas o incomodo
do burburinho de centenas de intrusos é muito
mais, muito maior descubro com lagrimas longas
que o cansaço maior é de mim mesma
Assustada me volto para o espelho e me deparo
com uma desconhecida que me desperta pena
ao olhar seu rosto tão sem vida, sem brilho opaco
Quem é aquela mulher sofrida rogando com olhar
carinho atenção afago doçura ou apenas silêncio
Estendia os braços cansados em busca de mim
sim de mim mesma pois aquela imagem nada
mas era do que eu mesma
Em prantos assumi minha inteira real e imensa dor
Minha dor, tão inconscientemente negada e tão viva
E expressamente declarada em meu cansado rosto
Apenas eu em meu mundo fictício, não a acolhia