MEDO CRIANÇA

Estreitas ruas, venezianas semiabertas,

Um olhar triste por entre as frestas,

Com medo da rua e sua escuridão.

Entre a penumbra, um franzir de testa,

Sem mesmo vê-la, assim me atesta,

Criatura em tamanha solidão.

Seus sonhos, na realidade incerta,

Divaga fuga. Ensaia apenas uma peça,

O medo fecha as cortinas do seu coração.

Com a coragem de herói em plena guerra,

Rompe as portas da espúria e longa espera,

Ganha as ruas, de verdade, ao invés da ilusão.

Seus olhos brilham com a luz mais que completa,

Nunca vira o mundo, e ainda o que lhe espera,

Medo criança gira mundo, solto, agora, gira pião.

Inaldo Santos
Enviado por Inaldo Santos em 01/08/2011
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