MEDO CRIANÇA
Estreitas ruas, venezianas semiabertas,
Um olhar triste por entre as frestas,
Com medo da rua e sua escuridão.
Entre a penumbra, um franzir de testa,
Sem mesmo vê-la, assim me atesta,
Criatura em tamanha solidão.
Seus sonhos, na realidade incerta,
Divaga fuga. Ensaia apenas uma peça,
O medo fecha as cortinas do seu coração.
Com a coragem de herói em plena guerra,
Rompe as portas da espúria e longa espera,
Ganha as ruas, de verdade, ao invés da ilusão.
Seus olhos brilham com a luz mais que completa,
Nunca vira o mundo, e ainda o que lhe espera,
Medo criança gira mundo, solto, agora, gira pião.