De onde vim?

Vim de onde! Vim de onde!

Carregando na bagagem

Um ar de felicidade

Vim da brisa sorridente

A bulir o manacá

Espalhando azul ardente!

Vim enovelando o luar

Após chuva de prata

Sob o teto a bailar!

Vim do sertão

Sou sertaneja

Morei perto do cerradão!

Vim da lagoa,

Nascente cristalina

Onde boi, bebe água boa!

Vim da labaredas

No crepitar da brasa

Costurando sonho de vedas

Vim do luar, num cochilão

Da madrugada, socando arroz

No vai e vem do pilão

Vim dos domingos, num belo jardim.

Nos encontros familiares

A saborear manjar e pudim

Vim das histórias da carochinha

Que de noite, minha avó encantava.

Na mesa da cozinha

Vim do sol escaldante, cheia de mania.

Ansiosa pedia mais história

Vovô dizia que de dia rabo nascia

Vim do fogão à lenha

No acordar de um novo dia

Com aroma do café a espera da ordenha

Vim da invernada

Com cheiro de aventura

Da vaca preta, corria em disparada.

Vim da tarde preguiçosa

Na janela, olhando nuvens.

Em fila remendando o sol silencioso

Vim do canto do passaredo

Na goiabeira em flor

Querendo arranhar o céu com o dedo

Vim do pomar, sem esquecer o sal.

Trazendo manga e laranja azeda

Para chupar no curral!

Vim do quintal

Trazendo na cesta ovos

Que encontrei no bambuzal

Vim do silencio da paineira florida

Tapetando em rosáceos

O palco dos meus sonhos em despedida

Cheguei, pra sempre, não pude ficar.

No meio de uma tarde parti em segredo

Para o sonho não acabar!

Nessas idas e vindas, da lembrança.

Ficou a poeira da saudade

Alimentando eterna esperança

Com o tempo despertei a saudade, teci a tela.

Desembrulhei a quimera

Acordei imagem e transportei nela

Angeluar

Inspirado na tela

Angeluar
Enviado por Angeluar em 27/07/2011
Reeditado em 29/07/2011
Código do texto: T3121839
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