PASSANDO A TERRA A LIMPO...
Depois da chuva
A pressa desaparece
As pessoas ficam com olhares perdidos
Uma consulta silenciosa
Tão longe de si e tão perto do redemoinho das poças
Uma reflexão hipnótica um levitar um deixa-se levar...
A terra amolece fica malemolentemente umidificada
Os pássaros se limpam com seus biquinhos
Tremeleiam as penas numa vaidade instintiva
Banham-se numa dança ritual transcendental
O alimento deles aparece pelo plano de sustentação
Sobem para se transformar noutro alimento sublingual
As gotas penduradas sobre as plantinhas
Ou desmaiadas por sob as grades são presentes naturais
Formando lindos colares ornados de gotinhas brilhantes
Lapidadas pelas mãos de natureza que as enfeitam
Num reflexo único de luz e cor... Há amor no ar
Há qualquer coisa de bíblico de mansidão
Depois da chuva está mais diamantada a vida e a inspiração
A promessa do amanhã enchendo os bulbos da terra
É uma prece uma benta água que no céu se encerra...
Depois da chuva, desta minuta
Desta pausa e desta frescura lufada
Rua alagada...Saudade dos olhos da amada!