Amor seresteiro
Volto no Tempo
E transponho a porteira e adentro a saudade caipira
E encontro-me numa noite estrelada
Com um luar cobrindo todo o chão do sertão
Volto a minha atenção para aquela cerejeira
Que era morada dos pássaros alados nas noites de verão
Pareciam mexericos sobre as curiosidades do dia
Minha Saudade é do amor seresteiro
Do cheiro da pele morena
Dos risinhos soltos, das pegadas de mão e
Dos beijos escondidos à sombra do lampião
Que saudades dos tempos da viola, das sanfonas, das danças de salão
E das mocinhas serelepes que do bailão
Voltavam para as suas casas com o coração extasiados de emoção.
Que doçura de lágrimas escorrem pela minha face
Trazem o sabor das noites dos casamentos em casas de família
Que de lonas, bambus e folhas de palmeiras embelezavam todo o salão
A madrugada se alongava feito um grande sonho
Onde os príncipes e as princesas bailavam em tablados de madeira crua
Hoje trago o celular à tiracolo onde me ilumina o novo dia.
Vejo a sombra do Luar se projetando dos edifícios em direção as rodovias.
Vejo as meninas que levam nas suas bolsas, preservativos e
Peças íntimas invadindo a avenida
E vendendo seu corpo ao preço de um pão.
Tanto se luta pelo progresso e se esquece que o Homem Feliz
É aquele que está em paz com o seu coração.
Não importa quantos carros se produz
Se a Bolsa subiu, quanto o dólar vale
Ou se o viaduto será inaugurado amanhã ou depois.
O Homem Feliz é o que transforma o seu Presente na sua melhor Saudade.