Amor seresteiro

Volto no Tempo

E transponho a porteira e adentro a saudade caipira

E encontro-me numa noite estrelada

Com um luar cobrindo todo o chão do sertão

Volto a minha atenção para aquela cerejeira

Que era morada dos pássaros alados nas noites de verão

Pareciam mexericos sobre as curiosidades do dia

Minha Saudade é do amor seresteiro

Do cheiro da pele morena

Dos risinhos soltos, das pegadas de mão e

Dos beijos escondidos à sombra do lampião

Que saudades dos tempos da viola, das sanfonas, das danças de salão

E das mocinhas serelepes que do bailão

Voltavam para as suas casas com o coração extasiados de emoção.

Que doçura de lágrimas escorrem pela minha face

Trazem o sabor das noites dos casamentos em casas de família

Que de lonas, bambus e folhas de palmeiras embelezavam todo o salão

A madrugada se alongava feito um grande sonho

Onde os príncipes e as princesas bailavam em tablados de madeira crua

Hoje trago o celular à tiracolo onde me ilumina o novo dia.

Vejo a sombra do Luar se projetando dos edifícios em direção as rodovias.

Vejo as meninas que levam nas suas bolsas, preservativos e

Peças íntimas invadindo a avenida

E vendendo seu corpo ao preço de um pão.

Tanto se luta pelo progresso e se esquece que o Homem Feliz

É aquele que está em paz com o seu coração.

Não importa quantos carros se produz

Se a Bolsa subiu, quanto o dólar vale

Ou se o viaduto será inaugurado amanhã ou depois.

O Homem Feliz é o que transforma o seu Presente na sua melhor Saudade.

Robertson
Enviado por Robertson em 13/07/2011
Reeditado em 13/07/2011
Código do texto: T3092005