O passaro
Um dia, triste estava, sozinho,
Parecia que nada iria acontecer.
Foi então que um passarinho,
Vindo de outros verões,
Pousou cansado em minha janela.
Tinha a asa machucada,
Por ter voado longe,
Seguindo outro passarinho,
Que assim como ele,
Queria voar em outro céu.
Tinha nas patas uma linha,
Que o amarrava e prendia,
Que mesmo quando lhe foi tirada,
O lembrava a todo instante,
Que já havia sido preso um dia.
Tinha lindas penas,
Formoso, vistoso,
Um lindo exemplar,
De espécie rara.
O qual, eu acolhi e cuidei,
Dei amor e afeto,
Coisa que não lhe era comum,
Alimentei seus desejos,
Seus sonhos, eu impulsionei.
Não o prendi por momento algum,
A janela sempre esteve aberta,
A mesma pela qual tivera entrado.
Nesse tempo ele foi feliz,
Cantava forte,
Alegre e doce.
Mais um dia,
Um vento forte entrou pela janela,
E tocou suas tão vistosas asas,
Agora já curadas,
Lembrando-o do céu azul que havia lá fora.
Então me olhou,
Com um olhar triste,
O qual nunca tinha visto em seu semblante.
Engoliu seu canto,
Abriu as asas pairando no vento,
E voou,
Coisa que já sabia que faria um dia.
Nunca irei me esquecer do seu canto
De suas asas
Assim como espero que ele não esqueça
Daquele que o cuidou
E nem da janela
A qual nunca mais foi fechada.