O ÊXTASE NAS PEDRAS
Não pergunte onde
Pois não sei
Nem fale de quando,
Tais questões, infame.
Já as inflamei
Cobri com desgosto soberbo
Acresci com tola certeza,
Para sufocar enfim
Arrancar de mim
E entregar-me ao desespero
Consolo efêmero
Amarga alegria
De cinzas sufoquei
De grossas camadas enchi-me
Amarguei com a grossa couraça
Cavaleiro sem glória
Tão caro embuste
Tão duro disfarce
Caminhei mudo
Como se o mundo fosse montaria
Cavaleiro de tudo
Tão tolo sem escudo
Tão errante Quixotesco
Enfim não encontrei nada
Tal opção já fora selada
Por aí afora em vão
Seguem-me tantas tropas
“Vão” a procura
“Vão” a resposta
Infame pergunta
Grotesco o anseio
Liberto do mundo
A procurar sem candeia
A achar no escuro
A sufocar-me primeiro
A morte primeva
A brotar nos campos
Verdes profundos
Doces avista
E no cair nas pedras
Duros relevos
O gozo me leva
E traz de novo
Novamente a vida.