LEMBRAM-ME DE TI!

LEMBRAM-ME DE TI.

(Écloga romântica)

O lilás aveludado das pétalas

Quais estrelas policromadas

Numa abóbada de céu e jardim

A inocência de uma criança

De sorriso inefável e imaculado

Encobrindo com meiguice

A travessura de um anjo.

A humildade de um pobre

De surrão vestido

É a bondade mal trajada

A nobreza em estado primitivo.

O farfalhar das folhagens

Em volúpias às bromélias

Em ritmo de brisa

Sob a mansidão do luar.

O silêncio da noite

Concubina do poeta

Exalando aromas

Da terra virgem e silvestre.

O ulular dos ventos

Acariciando as ramagens

Frescas e soltas

Em verdes frenesis.

A fragrância da terra

Evolando-se com a chuva

Lágrimas trânsfugas

Verticais e chorosas

Das nuvens solteironas.

O rubro crepúsculo

Uma apoteose do dia

Cerrando nas montanhas

O ato da criação.

A magnitude da aurora

Um ocaso, às avessas,

Ressurgindo o rei astro

Aos súditos da terra.

O frescor das manhãs

Sintomas de paraíso

Num perfume de rosas

Sedutoras sem juízo.

A solidão duma ilha

Cismando sozinha

Desterrada do mundo

Anátema dos mares.

A lua pélago brando.

De argente luz

Derramando serenidade

À inspiração que seduz.

O róseo dos anjos

Em concentração eterna

Translúcidos em linho

Bordados em cristal

De mãos no rosto a sonharem

Carinhas de bonecas

Em mesuras a contemplar

O cintilar das estrelas

Em Morse ao infinito

Modulando mensagens

Do mundo transcendental.

O bailado do arco-íris

Semilua em cores

Arco celeste se desfazendo

Em orvalho de confetes.

A terra vaidosa

Desfilando ao sol

Em longas evoluções

Rodopiando sobre si

Em eróticas convulsões

Bailarina solitária

Do espaço azul

Do meu planeta de ilusões.

Eráclito Alírio

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 01/12/2006
Reeditado em 23/07/2010
Código do texto: T306468