A MONTANHA E EU
A MONTANHA E EU
Descansando, contemplo a montanha;
Trabalhando, a montanha me contempla
Estou nela (dentro, sabre e fora)
Ela está em mim (na mente e no sangue)
O que lamentas pobre ser?
Sem cor ou fragrância,
Neste mundo de flores,
Que lamentando fenecem.
A flor em seu auge
Tem certo ar triste,
Talvez pressinta
Seu próximo estiolar.
Nas encostas há relva
Afloram rochas negras
Refletem o calor do sol
Fizeram-lhe um aparado
A causa é cega
O objetivo é execrável
A montanha sonha (púrpura)
Agoniza em dores
O homem sucumbe
No ápice do pico: morte!
No baixio do sopé: um túmulo.
Retine o eco do silêncio
Sobe uma energia cinética
Faz o ar vibrar: almas podres!
A solidão é minha amiga,
A montanha e eu.
(agosto/1999)