Maçãs
É que acordei um pouco sonolenta para o mundo
Demorei a me acostumar com as possibilidades
Que os olhos viam e sentiam esfuziantes
Para depois percorrer o corpo inteiro
Em calafrios que demonstravam estranheza
Nada me era natural, as imagens se confundiam;
O valor que uma maçã tinha não era a de maçã
Mas de algo valioso que eu observava e não sabendo o nome
Não compreendia por que deveria ter nascido
Sem demonstrar a proposição das coisas
E não te parece estranho? Porque isso é isso?
A sim! Era essa mesma, a sensação.
Quase que de firmação, esperando que a maçã me respondesse;
Eu sou eu, e você não é você.
Mas de repente nasceu um sentimento novo
O de que as coisas só podiam ser elas mesmas
Claras e vagas elas se seguiam e me seguiam
Perseguiam-me pelos pensamentos quase em movimento circular
Demonstrando que estavam mais vivas do que eu supunha
E que eram tão valiosas quanto a mim
Se bem que o valor de uma maçã
É maior que as minhas aspirações sozinhas
As maçãs são belas, vermelhas, brilhantes;
Eu apenas sobrevivo e me ofusco sem brilho
Sou pálida, sem vida.