CHEIRO DAS CABRITAS

Nasci pra vida com cheiro de mato,

Hoje, o que lá não existe mais é isso;

Saí de lá somando ao meu regaço

Lembranças de uma vida, paraíso.

O mundo aqui é por demais confuso,

De mente suja, peito amortecido;

Tão violentado, mau, estreito e mudo;

Carente de paz e amor, esquecido!

Ver-se no acaso, os traços da loucura,

No fã o egoísmo armando solidão;

Desesperança e falta de lisura,

Fingido abraço exposto na visão!

Ao invés de mato, cheiro gás carbônico,

Um ínfimo espaço, habito reclamando;

Faço de conta que de mim sou dono,

Vou pela vida, apenas me atracando.

Sinto saudade das paisagens lindas

Que ora se alojam em mim, no coração;

Eu preferia o cheiro das cabritas

Que o Zezeca tem lá no seu matão!.

Zecar
Enviado por Zecar em 02/07/2005
Reeditado em 08/07/2005
Código do texto: T30243