INSÍPIDO E MORNO

Tenho sede do insípido e morno

borbulhar das ideias

como espumas de sabão

em mãos infantis

sede

resto de sabores que vagueiam

em minha língua

sombra alimentada

por restas do sol nas telhas

quebradas da memória

sede e fome

o inóspito ar de cimento

sendo alicerce aos manjares

de ervas finas na sobre-mesa

de agosto

insípido e morno

a vomitar as horas

do relógio de parede

no prato principal do banquete

- pedaços de tempo

condimentando o enfado da mente

sedo.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 09/06/2011
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