O NAMORO DA ROSA
Não sei se é dália ou rosa
Espiando-me pela greta do muro
Ah! É uma rosa muito chorosa.
Flertando com este poeta, eu juro.
O que aconteceu com a coitada?
Tão caída só e muito triste.
Absorta, sozinha e ensimesmada.
Quem ao vê-la a dor não resiste.
Rosa triste eu nunca vi. Poxa!
De pétalas soltas semi-murcha
Nervosa de raiva ela está roxa
Atrevido menino sua haste puxa.
Vou me casar com essa rosa
Pedirei as suas mãos: suas pétalas
Ficará envaidecida, mui orgulhosa.
Como noiva deste pobre poeta.
E, desse conúbio vegetal-humano,
Brotarão rosinhas e rosetas
E um machinho de nome gerânio
Prá orgulho da rosa, doce ninfeta.
E o poeta se fará poeta jardineiro.
Entre as flores assanhadas desse jardim
Extasiando-se no matinal aroma primeiro
Das pétalas rosa de rubro carmesim.
Eráclito Alírio