CANÇÃO DA TARDEZINHA MORNA...
A mim,
me bastaria uma tardezinha
de solzinho morno
e a inspiração do poetar
sem métrica.
Me achar ingenuamente
coberta de flores
enfeitada de nudêz transparente.
A mim,
me bastaria tão pouco!
O rouco alarme do ginásio vizinho
e a hora das rezas compridas
num crepúsculo singular.
Mas poetar no silêncio
da tardezinha morna
já me basta no momento de agora,
onde lá fora, nas contradições
da cidade grande,
o bonde que passa não é o meu,
as serenatas e madrigais
meus ouvidos adormecidos
já não alcançam.
A mim,
me bastaria a tardezinha
de solzinho morno
feito a que tenho agora.
Mas ficaste tão pouco,
tardezinha minha!
Tens mesmo que ir embora?!