Taças
Havia nele uma magreza esfomeada, pois sempre ali
Mas que lhe fazia belo.
E ao lado de seu braço, a sustentar rosto esquálido
Uma taça de café
Forte, amargo, pó e água perdida dentro
E os olhos...eu nunca esquecerei os olhos dele.
Olhos indefinidos, vagos, profundos, como uma taça de mar
Afogada dentro de um lago vagabundo.
Ele nunca soube de mim
E eu dele soube o que pude
Até que soube afinal
Que a morte o havia convidado a retirar-se
E fiquei imunemente impune
De tê-lo mais, atualizado e presente
Nas vértebras de meu futuro.
Acostumei-me, assim, a olhar o vago da noite
Lembrando-me dele enquanto os festeiros brindavam
Taças ordinárias
De vinho, champanhe e qualquer outra coisa reles
Pois, o precioso de mim estava no fumegar do preto
Em fetiche silencioso
Que o fazia ser quem nunca soube.
LLima