FLOR DA IMAGINAÇÃO

Letras mortas povoam

minhas lembranças

penas pelo chão

ossos

estrumes

cacimbas secas

marcas de alpargatas

são letras e estão mortas

como rascunhos

papéis amassados pelo

tempo

tempo infindo

lembrança infinita

sol posto

chuvas escassas

aridez na alma do papel

alma da alma

essência gasta

pelas sombras do espaço

pelas sobras no pasto

mata-pasto

extrato sólido da memória:

uma chuva fina

uma flor única

(filha do espelho)

no hospital das horas

a seca quebrou os galhos

vista pouca

deixou um fio de voz

a carne sem volúpia

lentes e letras no pó

da terra

sem chuva

viva a imaginação

(viagem lúdica)

havia sombra e água fresca

e uma flor, outrora murcha

despertou do pó da terra

entranhas férteis

pétalas em cor e cheiro

e aconchego de beija-flor.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 27/05/2011
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