Quatrocentos textos  em  pontes de ais. Oh fontes turvas de mim, por aonde vais? Textos meus do dia a dia, cobre minha noite de orgia, cala minha boca seca pelo pecado nunca original. Textos meus de cada noite, gerenciador dos meus afoites em que o tato me destrata na afoita aventura do beijar e ser beijado; do vencer e ser vencido, do comer e ser comido, do meter e ser metido, do amar e ser amado... Ou não! Textos meus de cada dia, de cada noite ou de nada que se enquadre no natural da vida, embora nela do natural sobrevivamos. Textos meus de cada momento e de cada canto e deste RECANTO: sê da vida meu aroma; do amor meu dilema, do dilema minha sorte e desta o teorema. Da matemática sê Pitágoras, da mutação a derradeira célula; da noite a libélula solitária que desfila na lâmpada negra disputando com mariposas o calor da noite fria. Da angústia, oh textos meus, sê meu diazepan; da solidão minha catarse definidora. Para que da sombra eu seja ela; para que dela eu fuja de mim nos esconderijos da terna ilusão. Para que em cada letra eu fecunde o espírito, em cada ponto eu nunca seja o final, em cada vírgula que eu seja meu respiro atemporal. Em cada travessão que eu seja a ponte para meus desafios interiores e para que da vida eu nunca seja o trema que tudo deixa na interrogação misteriosa de quem lê. Para que do amor eu seja o parágrafo e do afeto eu sempre seja o acento agudo da emoção. Assim, em cada "til" serei sutil; em cada cedilha a nota dedilhada que não desafina; para que em cada circunflexo eu seja a proteção de quem estiver comigo debaixo do chapéu despretensioso do querer...
Posso ser verso, posso ser poema. Mesmo a prosa poética de quem a ética irmana por pura emoção. Adoção dos meus ontens descarrilada no estribilho das trovas que circulam nas feiras do meu nordeste. Pergaminho no qual a mão afaga, paquera e... fecunda um sentimento que a gente chama de prosa, de poesia, de poema, de que nome tenha.

Textos meus de cada dia, desta manhã fria. Manha da minha sorte que meu norte não se conjuga diante dos pecadores. Odores da manhã fresca que a criança desperta na lúdica vontade de ir pro parque brincar com suas lúdicas ilusões.

Pedaços de mim. Retalhos de solidão que se ajuntam em palavras pra não viver tão só. Até que a vida se encarregue de nada ser diante do tudo-ser que a ilusão nos deixa em vida. Textos meus, oh pretextos de céus que meus infernos açoita! Liberta-me como tens feito, dos mistérios que a crônica cotidiana nos informa. Hiberna na minha cama feito urso panda que ignora o mundo e parte para o sono da recomposição viril da vida. Textos meus de cada minuto, escuto quando vens, mas às vezes vens sem me dar sinal. Repica o sino da igreja, enquando a labareda da inspiração se esvái por entre as paredes deste apartamento - unguento que libera a tortura que as letras nos promovem por absoluta necessidade de serem texto com assunto, polêmica, resistência e tudo mais.



Quatrocentos textos:
 
                                          
Uns grandes, outros “textículos”.

                                           Uns versos, outros versículos.

                                           Uns textos, outros pretextos.

                                           Uns sérios outros mistos.

Quatrocentos textos:
                                        
                                          Uns que vão outros nem são.

                                          Uns são pretextos sem predileção.

                                          Uns sins outros senão.

                                         Quatrocentos textos – Uns defeitos. Ou meditação?

                                       Quatrocentos textos – Uns malfeitos. Outros nem tão?

                                    Quatrocentos textos – Uns cabrestos. Outros libertação?

                               Quatrocentos textos – Uns meus. Outros nem tão?