Homem/Pássaro

As aves dormem em seus ninhos

enquanto tua cabeça repousa

em travesseiros de pena de gansos.

Em vôos bailados despertam os pássaros

e com seus canoros cantos acordam a natureza.

Enclausurado em teu castelo temes a chegada

dos cavaleiros do apocalípse.

Conjungas o verbo na primeira pessoa.

O pronome é um só. Não há mais lugar

e segue-se a caminhada.

Os sonhos se desvanecem.

Multipilcam-se as pedras do caminho

e o deserto parece interminável,

sem retorno e sem oásis.

Sentes o frio que a solidão acompanha.

Nada te aquece.

O abrigo não encobre a vergonha de teus feitos

nem oculta a máscara que o espelho

insiste em não refletir.

Oh! impotente ser que não consegue

ver o arcoíris nem acrescentar um instante

sequer a jornada que leva ao infinito.

Desnudo e claro como o dia.

Pobre homem. Precisa ser pássaro.

Precisa de Luz.

De Cristo Jesus.