QUASE SILÊNCIO

Um quase silêncio

comeu

minha madrugada.

Era um vento

quase sem som

quase não era vento

quase não era

sem som

Quisera ser silêncio

um choro molhado

uma visita ao telhado

passeio noturno

um canto de pássaro

rasgando a noite

quase protesto

Quase nada acontecia

na madrugada

o vento no telhado

um claro de lua

invadia a casa

pelas telhas

em um silêncio bom

luz

som de cor

quase madrugada

na alma dos olhos

Linda

lua linda

quase lua dentro

de casa

visita metafísica

cor concreta

sonata em festa

no chão da sala

concerto aos olhos

quase silêncio

nos olhos da alma

Quase madrugada

enchia a lua

e fazia silêncio

nos olhos da noite

canto de pássaro

afoito

madrugada e lua

num coito frenético

em quase silêncio

não fossem os olhos

filhos da alma

que riam de dentro

noite e alma

cenas de amor

Quase silêncio.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 22/05/2011
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