Divagando

Hoje não sei se o pranto existe.

Vi o sofrimento de um ser como eu

que nem sequer conseguia chorar.

A dor não existe.

A fome é mera abstração.

O riso é contingência do momento

e o amor mera declaração.

Como somos impotentes.

Insignificantes diante do turbilhão

que nos arrasta e dos terremotos

que abalam nossas almas.

Difícil distinguir o real e o imaginário

diante dos meus olhos que se negam

a ver as grandes tragédias.

Onde está a poesia?

Recolho-me em contrição.

Porque Deus existe.

a eternidade me espera.

Publicada no livro "Horas Verdes" - 2009