ÀS VEZES FAZ FRIO

a morte é silêncio

e corre frouxa

vento leve que mau balança

a folha

não extrai o perfume

(o cheiro é do ar)

não despetala a flor;

é silenciosa, como a beleza

(ruidosa como os sonhos)

não é de pedra, é mansa

e baila, trapezista divino

riso sem som

cinema mudo

carlitos

nascente de rio...

às vezes faz frio

sentimento de chuva

(o cheiro é da alma

das águas)

aconchego de madrugada

mistério de cabeça de idoso

os pés não pesam

o corpo é uma chama

(fogo brando)

e se derrama pelos caminhos

visgo de pássaro

cinema novo

revolução

asas de condutor, viagem infinita

sonho infantil

é silenciosa como as horas

horas de silêncio nos intervalos

(halos no rosto da sombra)

sem tempo no pulso

sem uso de cores

sem adeus

silêncio.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 13/05/2011
Código do texto: T2966738