VOCÊ CONSEGUE
16.01.2006.Preciso do “algo mais”, nunca vou ser FEIJÃO com ARROZ apenas
Preciso do inédito, não posso dormir ao relento
Sarnento igual às minhas pustulências
No mínimo elas devem ter o desenho de Copacabana
Aquela coisa igual que não me enjoa e não me limita
Aquele jeito em que se perdoa e não se imita
Aquele carinho de leve que voa e excita
Preciso me manter acordado em meus sonâmbulos pesadelos
Não dispenso meus trapos, teus pratos e meu papel
Mas horrorizo tuas ralas concepções e nulas afugentações
Sei meu lado lúgubre, fúnebre e do fosco brilho dessa Lua quase cheia
Não precisa me agradar com legíveis entrelinhas, não fui ainda alfabetizado
Você até que consegue...
Preciso do “algo mais”, nunca vou ser SÃO ou NORMAL apenas
Preciso do crédito; não vou mais aturar pessoas distantes e vazias
No mínimo terão de saber desenhar
Aquela coisa que me convida, me leva e me orienta
Aquele teu jeito de exalar vida, você consegue, você aguenta
Aquele toque que não pedi mas veio aliviar até os oitenta
Preciso me manter na Lua em minhas viagens “juliovernianas”
Não dispenso teus tetos, teus gastos, teus gestos
Sei meu lado crítico, cítrico e amargo tragar
Não precisa me agradar com tuas superficiais inóspitas invitações, sou criança ainda
Você consegue muito mais que isso!
Você consegue trilhar os meus caminhos
Você consegue ir muito longe e perto de mim
Você consegue me inspirar!
(morde e assopra)