Sem Almas
Almas correm atrás de homens.
Entes que continuam a nascer
sobre abrasador sol de árido deserto.
Crias da noite. Sedentas de sangue.
O céu por testemunha.
Vitupério. Carta-se.
Há um homem caído.
Uma sombra sobre a calçada
ladrilhada com pedras de brilhantes
onde os transeuntes desfilam
suas máscaras.
Uma mão se estende. Quer vida
Vida não há.
Quer pão.
Ninguém lhe quer dá.
Quer um abraço.
Onde encontrar?
E as almas continuam a correr
atrás dos homens.
E os entes continuam a nascer
entre os seres das calçadas.
Famintos de pão e afeto
que se multiplicam na noite.
Publicada no livro "Horas Verdes" (2009)