O Mar dos Meus Dias

Ah, esse mar de tantas cores.

Azul, verde,

verde-azulado

azul-esverdeado.

Às vezes, escuro.

Mutante em cores.

E ele não é meu amigo,

mesmo quando mergulho

em suas águas.

O que ele guarda do outro lado

ou em suas profundezas?

Quantos mistérios.

Seus dias são iguais.

Na jornada das marés

deixa-se levar pelo vai e vem,

enquanto beija a areia,

sua eterna companheira.

Meus dias são assim:

ora azuis, brilhantes,

ora verdes, esperança,

escuros, em meio a tempestade.

Eles também vão e vem.

(mais se vão)

e nem sempre encontram o que beijar.

Meu pranto é um rio

que nasce na fonte dos olhos,

banham minha alma,

sem um mar encontrar.

Me contento com

o renovar de cada manha

e o amor que nunca acaba.

Como as ondas do mar.

O mar não se deixa possuir.

e dorme à noite embalado

pelo clarão do luar.

Já os meus dias,

nem sempre claros,

são os meus dias.

Ah! e teus também.

Publicado no livro "Horas Verdes" (2009)