PARTÍCULAS ACRÍLICAS
15.06.03.
Já transitei por aldeias
Conheci a selvageria dos indomáveis
A sabedoria dos incontestáveis e
Por toda a maldade humana
Pelas enciclopédias, por películas passei e
De tudo ou quase tudo
Partículas daquilo que se deve viver nessa vida...
Senti o cheiro das flores nos cafezais em agosto
Atolei meus sapatos na terra bem vermelha
Me alimentei de aquáticos, terrestres
Me inebriei sob a Dama da Noite
Caminhei pesadas malas em vastas passadas
Suei nos mais tórridos verões
Partículas daquilo que se deve sentir nessa vida...
Anulei-me diversas vezes
Diversas vezes fui o principal
Tive nome próprio e por vezes anônimo demais
Tive um rosto puro acne
Por hora clara tez
Fui lástima, fui saco de risos
Partículas daquilo que se deve ser nessa vida...
Fui inconseqüente quanto tenaz
Consciente quanto alheio
Voraz por noites esquálidas
Fui paz, fui Gólgota
Tão vazio quanto cheio
Pernas bambas, caras pálidas
Fui sozinho no ermo caminho
Fui pai, fui primo, sobrinho
Leitor assíduo de bulas e lápides
Caneta refratária
Indeciso, pernóstico e insano
Amante sincero
Mensageiro do céu e do inferno!
Fui da lua, da rua
Fui maré, farol e istmo
Guindaste, grua
Construi tais castelos
Instinto, intuição
Criança, infante puro
Fui perfeitos acordes
Dissonâncias
Matizes diversas
Preponderâncias...