Estações

No inverno eu sou a chuva

que rega teu caminhar,

caudaloso rio a

inundar tuas entranhas

pra te fecundar.

Minhas lágrimas são

gotas que molham o chão

da longa jornada

quando o inverno torna

mais fria a solidão.

No verão eu sou o sol

que trás de volta a vida

os sonhos em ebulição.

E sou a brisa que teu corpo

alisa a cada amanhecer.

No calor do verão minha alma

se aquece e largado deixo

no chão meu corpo inerte,

que ardente espera o

toque da ressurreição.

No outono quando as folhas caem

e tudo parece tão cinzento,

como meus dias em

tantos momentos,

foge-me a inspiração.

Oh estação de frio penetrante

quando tua ausência se torna

ainda mais distante.

Em vão tento apressar o tempo

que tão somente ri do meu pranto.

É na primavera onde me regalo.

Os campos floridos e teu

colo perfumado. Tudo se renova.

E assim eu me vejo:

um novo ser a cada recomeço.

A primavera sempre volta,

perfumando a vida e colorindo

os recônditos do meu coração

com o teu cheiro suave e

teu toque quase imperceptível..

É tempo de esquecer a chuva.

o sol, o frio, a solidão.

É tempo de festejar a vida

É tempo de lembrar do Senhor das estações

E a Ele inclinar-se em total submissão.

Publicada no livro "Horas Verdes" - 2009