NOITE

A aurora rasga o dia

no caminho inverso da cria,

adentrando a uma realidade velha

em uma nova melodia.

O mundo traz surpresas

e belezas sem igual

e fogo, e sombra, e medo

como se vendo sem os olhos

do rosto um verso de Rilke,

uma cor da escuridão.

Há uma sensualidade exposta

corpos entregues, aconchego

e um segredo sem senhor.

Por dentro há uma luz que brilha

e todos dormem, todos dormem.

Os olhos que veem, viajam

sem estrada, mundo livre,

todos alados, todos iguais.

A luz de dentro da mente brilha,

fogo a abrir o caminho para o

passeio, espelho do fundo da terra

que alerta à imaginação:

dorme no escuro e viaja ao relento

no domínio da quimera.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 03/05/2011
Código do texto: T2947243