NOITE
A aurora rasga o dia
no caminho inverso da cria,
adentrando a uma realidade velha
em uma nova melodia.
O mundo traz surpresas
e belezas sem igual
e fogo, e sombra, e medo
como se vendo sem os olhos
do rosto um verso de Rilke,
uma cor da escuridão.
Há uma sensualidade exposta
corpos entregues, aconchego
e um segredo sem senhor.
Por dentro há uma luz que brilha
e todos dormem, todos dormem.
Os olhos que veem, viajam
sem estrada, mundo livre,
todos alados, todos iguais.
A luz de dentro da mente brilha,
fogo a abrir o caminho para o
passeio, espelho do fundo da terra
que alerta à imaginação:
dorme no escuro e viaja ao relento
no domínio da quimera.