O tempo e a hora
Olho de maneira simples
Corro para ver o que tem
Nas entradas do sítio Castro
Já não sinto cheiro de ninguém
Camufladas de verde estão as escadas
Que dão de entrada ao quarto da vó
Esbranquiçadas.. as janelas em pó
E as que restaram... quebradas
Logo ao entrar , espiei a porta dos fundos
Lá, houve tempos em que o hortelã e os girassóis
Emprestavam seu aroma aos lencóis
No varal, pelo calor, perfumados e esturricados.
Depois do sol, um manto chuvoso
Levado talvez pelas montanhas ,
que nao gostavam do sol e o barrava constantemente
Aquele solzinho gostoso...
Senti por um momento no ar
A estranha sensação de poder correr novamente a cavalo
Sem necessidade de colocá-lo
Dentro daquele casebre já por acabar.
Cavalguei em minha imaginação
Por aquela terra maravilhosa
Proporção de de felicidade
e emoção.
Vai-se o dia e volta a escuridão
Tao perene e devoradora das energias
Não nos deixa feliz, então nos faz adormecer
Ou nos deixa vadiar pela cidade em multidão.
Surge o silencio e as notáveis vozes naturais
O vento, os murmúrios dos bichos em sua simplicidade
Viver na exatidão, viver para poder exercer a vida
"Mostra a tua face bicho do mato, seja corajoso!"
Adormece e sente a firmeza do ar
Em sua maior clareza ele se submete a nos dar seu fruto
Puro e belo, escuro e transparente em sua ação
E no mato é onde pode trabalhar
"Acorde. Levante-se e vá embora."
Por um dia desejo levantar cedo, e trabalhar
No campo para levantar feno, e pastar a cavalo
Para relembrar o que o tempo perdeu com a hora.
Ana Carolina Belmonte