O tempo e a hora

Olho de maneira simples

Corro para ver o que tem

Nas entradas do sítio Castro

Já não sinto cheiro de ninguém

Camufladas de verde estão as escadas

Que dão de entrada ao quarto da vó

Esbranquiçadas.. as janelas em pó

E as que restaram... quebradas

Logo ao entrar , espiei a porta dos fundos

Lá, houve tempos em que o hortelã e os girassóis

Emprestavam seu aroma aos lencóis

No varal, pelo calor, perfumados e esturricados.

Depois do sol, um manto chuvoso

Levado talvez pelas montanhas ,

que nao gostavam do sol e o barrava constantemente

Aquele solzinho gostoso...

Senti por um momento no ar

A estranha sensação de poder correr novamente a cavalo

Sem necessidade de colocá-lo

Dentro daquele casebre já por acabar.

Cavalguei em minha imaginação

Por aquela terra maravilhosa

Proporção de de felicidade

e emoção.

Vai-se o dia e volta a escuridão

Tao perene e devoradora das energias

Não nos deixa feliz, então nos faz adormecer

Ou nos deixa vadiar pela cidade em multidão.

Surge o silencio e as notáveis vozes naturais

O vento, os murmúrios dos bichos em sua simplicidade

Viver na exatidão, viver para poder exercer a vida

"Mostra a tua face bicho do mato, seja corajoso!"

Adormece e sente a firmeza do ar

Em sua maior clareza ele se submete a nos dar seu fruto

Puro e belo, escuro e transparente em sua ação

E no mato é onde pode trabalhar

"Acorde. Levante-se e vá embora."

Por um dia desejo levantar cedo, e trabalhar

No campo para levantar feno, e pastar a cavalo

Para relembrar o que o tempo perdeu com a hora.

Ana Carolina Belmonte

luterana
Enviado por luterana em 02/05/2011
Código do texto: T2944622
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