“Até tu Brutus?”
Betiolina pergunta
e o que você arruma pra fazer na roça,
você que é tão dada aos eventos culturais?
Ah doce mulher, até tu não me conheces ainda?
Não vês que sou feita de sóis, luas e estrelas
que aprecio o vento lambendo as folhas
a água murmurante petrificando meus pés
o olhar canil amistoso
a montaria respeitosa no cavalo Mordomo.
Não vês que quero estar junto aos meus
para comer, rir, angustiar, dormir
admirar as mãos femininas que tiram o leite
que trançam e cortam cabelos
se ferem com cordas e curam bicheiras.
Sentir-me à flor da pele...
na transmissão de uma mera receita de camarão metido à besta
ou madredeusando melodias extraordinárias!
Não me vês, dulcíssima mulher...
enrolando e soltando a linha de uma pipa branca
que baila entre notas azuis
ralando mamão, mandioca no ralo de feitio do Nego Queroba.
Esqueces... que meu encanto enlaça pássaros e cantos
que minhas retinas fotografam as mais diversas nuances de cores,
que meu corpo tem memória e vive!