A Casa

Era simples como a vida deve ser,

sem pinturas vibrantes, cristais ou peças finas.

Chão batido, telhado nas coxas, reboco velho.

Uma varanda pequena, portas para o nascente...

Um dia de novidades, na casa de minha pouca idade.

Naquele paraíso minúsculo eu guardava minha ternura.

Um quintal de árvores frutíferas,

de bichos diversos, de criação da vovó.

Era o mundo mais perfeito, tamanha a imperfeição da vida lá fora.

Os vizinhos se amontoavam no alpendre,

do fundo do quintal alguém grita uma frase qualquer...

era o sinal para boas prosas, comida farta, felicidade plena.

Todo dia, ao nascer de um novo dia, mamãe dizia:

– Hoje tudo vai ser diferente.

E mesmo que não fosse assim,

a tolice de nossa inocência nos permitia sonhar.

Os sonhos eram diferentes e continham um mesmo sabor.

Sabor de cada dia, um novo dia.

A casa de minha meninice era assim, poucos móveis,

muitos lugares,

A casa era demasiado feia, mas a beleza de seu interior

eclodia em nossos corações.

A casa não tinha trancas, nem segredos...

tudo às claras, como a vida simples de quem é probo.

Nada de novo em lugar nenhum,

um curral e um pasto, uma plantação e um manejar de mãos.

Um vale sem encantos e com cantos mil...

Uma casa de labutas e pelejas,

um lugar de paz e nudez,

paz de espírito e nu de vaidades vãs...

A casa, abrigo de todo um tempo.

VALBER DINIZ
Enviado por VALBER DINIZ em 26/04/2011
Reeditado em 29/09/2011
Código do texto: T2932250
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