Banzo de um Pássaro
Às vezes fico perplexa, ao ver-me tão triste e só!
Sinto vontades incontidas, de libertar-me de tão horrendo cativeiro.
Sinto extrema sede;
a fome percorre todo meu interior;
O frio protege meu pequeno corpo, fazendo-me companhia!
Às vezes, relembro os doces momentos em que eu vivia
sobrevoando as mais altas montanhas,
zombando dos que pretendiam atingir-me,
subindo e descendo, lá estava eu.
A brisa soprava forte, fazendo com que minhas pobres asas
perdessem um pouco suas penas, e
lá se iam as mais bonitas, que davam um colorido especial,
a quem me visse voar,
a quem gostasse de perder horas e horas vendo e
sentindo as piruetas de meus vôos.
Ah!... Como era gostoso mergulhar de cabeça nas nuvens,
pinotear aos ventos, ficar toda ensopada na chuva,
voar com o pôr do sol, fazendo meu corpo brilhar na água do mar.
Ah!... Como sinto vontade de me libertar outra vez!
Como tenho saudades dos lugares que conheci,
encantados ou não,
é muito melhor que essa prisão!
Mas, sinto que vou libertar-me,
não sei a hora, não sei o dia,
nem mesmo sei quem me libertará,
digo o que presinto,
eu ainda voltarei a voar!...