Um quarto na lua
No escuro quarto de uma estrela negra,
O reflexo da lua coloria, o espaço da janela vazia.
O som que se fazia,
A cor que não se via,
A palpebra caia,
E um menino sorria.
No breve sonho realizado,
O menino no piano cansado
Chorava zangado.
E dos dedos frementes,
Acordes dementes.
Uma semente,
Que cresce e mente,
Escurece e desaparece,
Uma prece lhe oferece.
Vivo que no mundo vagou,
Sentou e esperou.
Em volta de si,
Ele mesmo.
No fim temendo
Fez na lua terreno.
Era pequeno.
Daqui não se via,
Daqui não se ia,
E daqui não se saia.
Por toda via.
Por qualquer via,
o menino ali crescia,
E brilhava, iluminava, tocava e encantava.
Uma estrela negra, em um quarto na lua morava.