Quem sou?

Havia um tempo em que me despia

Havia um tempo em que eu era cru.

Havia alegria, gargalhadas soltas!

Havia impulsos sem pensar em dor

Havia energia para qualquer coisa

Havia mil sonhos comuns das crianças

Havia mais dúvidas sobre um futuro

Havia incerteza envolta em esperança

A via que transitei me podava

A via-crúcis só se iniciou

Abstraia-me às negações da vida

Que adviria da ilusão perdida

Estranho universo, o real.

Pesados os fardos me posto às mãos

Projetos antigos não valiam um grão

Apanhado pelo tempo

Debati-me em vão

Menino decrépito, ingênuo ancião.