Campestre sinfonia
 
Vejo um pássaro no fio,
enquanto a chuva faz um rio
lá em baixo no asfalto,
que espio daqui do alto.

A visão é panorâmica,
uma paisagem bucólica.
No parapeito de cerâmica,
minh'alma quase melancólica...

 
Minha casa é um silêncio,
pois que sozinho estou,
olhando a manhã cinzenta
sem o sol que não despontou.
 
De novo para o fio
convirjo meu olhar.
O passarinho sente frio,
a plumagem a eriçar.

O silêncio é interrompido
por uma doce melodia:
é o canto daquela ave
que chalreia em sintonia...

 
Da janela em que estou,
panorama em detalhes,
vi, foi-se o pássaro. Voou
do fio para as árvores.

Desfalcando a sinfonia,
deixou-me à janela,
no silêncio, olhando a chuva
e o rio a correr com ela.


 
Imagem: Google - pessoal.utfpr.edu.br
AURISMAR MAZINHO MONTEIRO
Enviado por AURISMAR MAZINHO MONTEIRO em 13/04/2011
Reeditado em 23/08/2021
Código do texto: T2907002
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