Bolhas na água

Os pingos de chuva nas poças da rua

Beleza plástica que brilha e despenca

Sem qualquer reverência algo que contribua

Senão com o recurso da câmera lenta

Fração de segundo em nossa existência

Como o somos para outra parcela do tempo

Nelas, a aventura dos microorganismos

Jogados pro alto na cúpula e nos pingos

Conosco a experiência e nossos registros

Bailando ao sabor do passar dos domingos

Ambos são parceiros da mesma ironia

De não se saber a razão e o sentido

Momentos triviais logo são esquecidos

Segundo os valores que só a arte resgata

No caso da sorte ou de um fato amigo

Querer perpetuar a efêmera data

E nós como as bolhas e gotas de chuva

Temos em comum o instante que passa