A PONTE: O Leito

Por baixo passa a correnteza

as mazelas, as impurezas

a fome invisível da boca

sem dentes

os caranguejos, os peixes mortos

o mau cheiro dos homens

que farisaicamente sorriem nas

imagens dos azulejos,

segurando nos ferros que ostentam

as ferrugens dos seus medos.

Lentamente passam: carne e água

ossos e almas para as profundezas

dos mares.

Triste o leito dorme,

sem esperança nem desejos

em sombras raras na passagem

pela morte.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 08/04/2011
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