A PONTE: O Leito
Por baixo passa a correnteza
as mazelas, as impurezas
a fome invisível da boca
sem dentes
os caranguejos, os peixes mortos
o mau cheiro dos homens
que farisaicamente sorriem nas
imagens dos azulejos,
segurando nos ferros que ostentam
as ferrugens dos seus medos.
Lentamente passam: carne e água
ossos e almas para as profundezas
dos mares.
Triste o leito dorme,
sem esperança nem desejos
em sombras raras na passagem
pela morte.