O MAR BRAME

O mar brame, força bruta

grito gutural que o mal

expurga

expulsa à força o silêncio

morno

som de monstro em

estrondos

dos escombros de um viver

distante, profundo

choro de vazio, choro de fome

de medo invisível e disforme

(quase surreal, quase irreal)

de quase homem.

Brame o mar em fúria.

As pedras voam, pássaros leves

amedrontados.

Voam os homens, seres alados

olhar arregalado

figura infame

ínfima.

Saliva da língua do mar.

Brame azedo o mar, som surdo

gutural

a expurgar o mal de suas

entranhas.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 02/04/2011
Reeditado em 02/04/2011
Código do texto: T2886146