FOLHA AMARELO-CREME
No silêncio nasce uma folha
De uma cor creme
Puxada para o amarelo
Não é seca, nem murcha
Não é mais verde
Nem madura
É uma folha
De uma árvore indecifrável
Talvez de sonho
(não há mão de homem
em sua feitura).
Não tem som
Não é de plástico
Do silêncio nasce o som
Folhas secas que caem
Vidros quebrados
Água viva a bater na
Pedra,
A mesma nota tantas
Vezes repetida,
Silêncio!
Nasce.
A folha não observa,
Existe
No alto do galho
Nem verde nem madura
Nem clara nem escura
O sol bate,
O som suga o claro quente
Da branca manhã,
Amarelo-creme
E canta às águas,
Cachoeira em derrama
Água e sol,
Som cristalino superior
Ao ouvido humano
(quem entenderá?)
Coro de anjos, deuses, céus.