FOLHA AMARELO-CREME

No silêncio nasce uma folha

De uma cor creme

Puxada para o amarelo

Não é seca, nem murcha

Não é mais verde

Nem madura

É uma folha

De uma árvore indecifrável

Talvez de sonho

(não há mão de homem

em sua feitura).

Não tem som

Não é de plástico

Do silêncio nasce o som

Folhas secas que caem

Vidros quebrados

Água viva a bater na

Pedra,

A mesma nota tantas

Vezes repetida,

Silêncio!

Nasce.

A folha não observa,

Existe

No alto do galho

Nem verde nem madura

Nem clara nem escura

O sol bate,

O som suga o claro quente

Da branca manhã,

Amarelo-creme

E canta às águas,

Cachoeira em derrama

Água e sol,

Som cristalino superior

Ao ouvido humano

(quem entenderá?)

Coro de anjos, deuses, céus.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 01/04/2011
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