O SUBMUNDO DA ALMA

Minha alma não tem forma

mas é gorda

Minha culpa não tem razão

mas é sólida

Meus olhos não têm luz

mas são fogo

Meus dias não têm tempo

mas são longos

O fogo queima a forma

E solidifica as horas

O medo morre na véspera

Com o susto da alma

A casa suga da janela

A poeira que deixa marcas

Nos livros da estante

(casa honrada e livre)

Um frio leve chama os

Filhos da alma à consagração

As primeiras horas do dia

Me amedrontam

(morro um pouco a cada

Amanhecer)

As falas dos homens me

Afugentam

(sofro pelo calafrio da hora

De morrer)

Durmo com o silêncio

trazido pela música

nas vozes sublimes dos dons celestiais

Mísero homem sou

esfomeado no banquete

dos manjares da fertilização

Minha boca se fecha amedrontada

mas o coração explode

em chamas

Meus ouvidos emprenham pelos ecos

mas eu aborto antes

do desfalecimento

Minha angústia levita-me

mas eu sofro na utopia

da transformação

Meu silêncio debate-se contra a mente

e eu morro asfixiado

na contemplação.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 26/03/2011
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