"Fazenda"
(Luiz Henrique)
A malemolência do pato
A galinha ciscando no terreiro
O boi amassando o mato
Luz da lua ao invés de letreiro.
A casa em meio à chapada
De um verde de abacateiro
A menina de chita estampada
Cheirando a água de cheiro
Exibindo uma trança amarrada
Esperando seu amor primeiro
Cintilam asas de passarinho
Nos secos galhos do salgueiro
Define-se um estreito caminho
Das andanças do gado leiteiro.
O sino avisa em seus badalos
A hora de comer e do recreio
Do sal e ração para os cavalos
Da liberdade do pastoreio
E todo dia é de muito regalo
Até o resguardo em cativeiro.
Abre-se de manhã a tramela
Das baias do voluntário prisioneiro
Hora do cabresto e da sela
O passarinho já voou do poleiro.
Se o canto do galo ecoou
E as galinhas saíram do celeiro
(Inda que nem sol no céu brilhou)
Já começa o dia do fazendeiro.
Saber que em vão o dia não passou
E ser da vida o condutor - não mero passageiro
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